quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cotidiano de Bar

Sem sono, pego meu casaco e sigo para rua.
Vou naquele velho bar de costume.
Madrugada fria, logo peço uma bebida forte.
Começo a reparar nas pessoas ao meu redor.
Todas tão solitárias.
Não são muitas, pois já é tarde.
Penso no motivo de todas estas pessoas sozinhas neste local.
Peço mais uma dose e acendo meu cigarro.
Reparo em minha frente uma mulher.
Já com boa parte da vida gasta.
Rugas aparentes em teu rosto.
Sozinha, assim como todos neste bar.
Segurando um copo de wisky passando o dedo em sua borda.
Com semblante cansado em teu rosto.
Ao lado um senhor aparentemente com seus cinqüenta anos.
Também sozinho neste lugar.
Penso se todos estão neste lugar procurando a solução de problemas do cotidiano.
Chega mais algumas pessoas, e todas estas sozinhas e com o mesmo olhar.
Seria aqui um refúgio de pessoas cansadas de suas vidas fantasiosas?
Esta senhora da frente pede-me meu isqueiro para acender teu cigarro.
O tempo vai passando e aos poucos todos ali sem querer acabam se comunicando.
Uns com os outros de forma passiva.
Formando uma comunidade anônima.
Onde neste lugar os problemas e defeitos são comentados sem preocupações.
Assim também como as alegrias que nos completam.
Todo este contado entre pessoas totalmente estranhas acaba por ser algo bom.
Pois após o bar fechado e as cortinas serem abertas em nossas casas.
A luz de um novo dia atravessar nossas janelas.
Ficaremos mais tranqüilos com o dia que teremos pela frente.
Talvez novamente cheio dos problemas do nosso cotidiano, talvez não.
Mas noites assim fazem com que não se transformem em dias comuns.

E acabamos por perceber que nunca estamos realmente sozinhos!

4 comentários:

Unknown disse...

Robinho que solidão...Mas um belo texto viu...beijos meu querido!

José Oliveira Cipriano disse...

Oi!!! Que belo texto!!!! Você conseguiu uma ultrasonografia da noite, da solidão da noite, da solidão de que está perdido na noite. Sei muitíssimo bem o que é isso. Meus aplausos!!!!!!
No momento estou sem computador; estou usando o de um amigo, mas prometo que visitarei novamente seu cantinho - muito agradável -
no domingo. Sim, coloquei seu blog
em minha listade favoritos.
Aí vai meu e-mail:
xangoagodo08@hotmail.com
Um abraçoem seu coração,

Oliveira

Marcelo Túlio disse...

é irmão. por fim notamos que não estamos sozinhos. de uma forma ou de outra.

a solidão está baseada no anseio em que temos por algum objetivo ainda não alcançado.

ainda não consegui encontrar a mulher da minha vida, estou sozinho. quando na verdade estou rodeado de pessoas que me amam e me querem bem, portanto, como consigo me sentir sozinho?

são as frustrações do ser homano, o querer sempre mais e a falta de valorização do simples. quando encontramos o amor nas coisas simples da vida o que vem depois passa a ser glória e puro gozo.

um dia chegaremos todos lá. falo e parece ser fácil, mas quem disse que eu consigo fazê-lo?

o importante é que sei que a semente está plantada dentro de mim. no momento certo colherei o fruto disso tudo que estou passando.

abraço irmão

JOCENDIR CAMARGO disse...

escreve com a alma de um peregrino sonhador... retratas tristeza, solidão, esperanças e ilusões...
Parabéns por esse belo texto...